quinta-feira, 19 de abril de 2012

Bené Fonteles lança o livro “O Rei e o Baião”

A obra visa abordar a memória de uma dos maiores representantes da cultura do Nordeste, Luiz Gonzaga, por meio de textos e imagens. A data de lançamento ocorre na semana em que Gonzagão faria 98 anos (13 de dezembro), consagrado como o Dia Nacional do Forró.
Na opinião de Fonteles, Luiz Gonzaga está entre os seis pilares da cultura musical do Brasil, ao lado de Tom Jobim, Pixinguinha, Noel Rosa, Dorival Caymi e Cartola. No livro feito com várias participações há ensaios com fotografias, xilogravuras, pinturas, esculturas em uma rica iconografia que é considerada o mais completo registro da carreira do Rei do Baião, com participações de Gilberto Gil, Hermano Viana, Antônio Risério, Gustavo Moura, entre outros grandes nomes de diversas áreas da cultura.


“Ele tem uma importância enorme. Influenciou uma geração de artistas e definiu todos os rumos da música popular no Brasil”, define Bené Fonteles.
O ministro Juca Ferreira destaca que “o lançamento do livro faz parte da mobilização e da comemoração do grande passo que o Ministério da Cultura está dando, de criar um centro de referência em torno de uma das figuras centrais da música popular brasileira, certamente entre os nossos três maiores compositores e cantores: Luiz Gonzaga”.


(Livro lançado em 10 de Dezembro de 2010)
Para Bené Fonteles, além de viagens e da pesquisa, o livro foi feito a partir da admiração de todos os colaboradores pela obra de Luiz Gonzaga. Ideia é sedimentar legado do artista nas novas gerações
Igual a milhões de meninos, Bené Fonteles conheceu o som de Luiz Gonzaga por meio das canções que animavam as festas juninas no Interior. Em "Eu e o Rei", um de seus textos no livro, o organizador conta sobre o início de sua amizade com o Rei do Baião, em 1972, quando lhe apresentou o material do espetáculo teatral "Luiz Lua Obrigado", de sua autoria. A peça falava de da importância do sanfoneiro para a MPB. "Fiz uma entrevista na ocasião para o Tribuna do Ceará, a minha primeira. Depois foram muitas aventuras com ele pelo País. Em 1983, ele participou do meu disco ´Bendito´ com um aboio, o único registrado fonograficamente. Fiz o projeto para o Museu do Baião em Exu e muitas outras coisas que o faziam me chamar de ´filho postiço´", recorda Fonteles.
A elaboração do livro demandou muitas viagens, entre o Ceará, Pernambuco e João Pessoa. "Entrar no sertão profundo onde ele se originou para conhecer quem o conheceu e o ama de verdade. Foi uma sincronia de fatos e amizades feitas que ajudou na pesquisa, com gente que faz tudo por grande admiração e amor a sua pessoa generosa e sua obra inigualável", elogia o organizador.
 
Em relação à escolha dos pesquisadores e colaboradores para o livro, Bené explica que não bastava a relevância acadêmica ou artística de cada um. "Tudo passou pela profunda admiração e amor que eles têm a Luiz Gonzaga. Eles teriam que iluminar mais o terreiro para que o Rei tivesse seu reino tornado ainda mais vasto e mais belo no cenário cultural do Brasil. Fui pelo viés também da antropologia cultural, por isso a escolha de Antônio Risério e Hermano Vianna. Também pela questão da sociologia cultural com Sulamita Vieira, ou da musicologia por Elba Braga Ramalho, ou pelo conhecer profundo da cultura popular do Nordeste com Gilmar de Carvalho, nosso renovado Câmara Cascudo. E Gil, nem se fala, por que só Dominguinhos transparece maior influencia e fluência sobre a obra de Gonzaga do que ele", ressalta.
Além dos ensaístas, fotógrafos e xilogravuristas, há um colaborador que não consta no índice, mas cujo trabalho foi importante para a realização de "O Rei e o Baião". Paulo Vanderley responde no livro pelo cargo de "consultor para assuntos gonzagueanos". Não por acaso. Bancário e pesquisador independente nas horas vagas, é idealizador e responsável pelo principal website na internet sobre Luiz Gonzaga, considerado também um dos sítios mais completos sobre um artista brasileiro. "Muitos dizem que é preciso uns seis dias para conhecer todo o conteúdo", contabiliza Paulo.
Para Bené, é justamente pela análise dos vários ensaístas, que o livro ultrapassa a documentação, expandindo o trabalho de Gonzaga produzido entre as décadas de 40 e 80 - "momentos em que sua música e suas atitudes, principalmente até os anos de 1960, ditaram moda e um jeito nordestino de ser para os brasileiros", explica em seu próprio ensaio, "Grande Sertão, Gonzagas". "Ele fez muito por vários artistas e pelo seu público humilde de nordestinos migrantes, numa ´operação inversa´ de trazer o Nordeste ao cenário nacional. Espero que as novas gerações tenham neste livro uma referência e a percebam a real importância de sua força e coragem criativa".

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